Letramento racial: alunos de Jornalismo e Direito da Unifor debatem sobre crime de racismo, história e prevenção

2 de dezembro de 2025 - 15:53 # # # #

Numa inédita parceria entre a Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) e a Universidade de Fortaleza (Unifor) foi realizada, nesta segunda-feira (1º/12), a Palestra “Formação e Letramento Racial para uma Segurança Antirracista”, no auditório A3, do bloco A da universidade, com a participação de cerca de 40 estudantes do curso de Jornalismo da Unifor, convidados e professores. A apresentação ainda contou com a presença e participação da orientadora de Célula de Grupos Vulneráveis, da Coordenadoria de Defesa Social (Codes), da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS/CE), Fabrine Bastos, e da policial militar Thaina, da Comando de Apoio e Prevenção às Comunidades (Copac).

Professor Wagner Borges, do curso de Jornalismo, fez apresentação da palestra com a participação de alunos universitários

A programação consta do Mês da Consciência Negra e integra ações da Supesp para ampliar o debate em torno do crime de racismo, formas de enfrentamento e prevenção a partir da conscientização do problema e sua realidade sociopolítica e cultural.

Pesquisadores Paula Vieira e Daniel Rocha fazem a palestra sobre Letramento Racial, que tem percorrido escolas e universidades

A palestra, uma parceria entre a Coordenação do Curso de Jornalismo da Universidade de Fortaleza (Unifor) e a Supesp, foi ministrada pelos assessores da Diretoria de Pesquisa e Avaliação de Políticas de Segurança Pública (Dipas) da superintendência, Paula Vieira e Daniel Rocha. Segundo o coordenador do curso de Jornalismo da Unifor, Wagner Borges, que fez a abertura da programação, esse momento é muito importante e especial, porque iniciativas do gênero já fazem parte da política da instituição, de promover o debate sobre temas e assuntos sensíveis e cruciais. “A violência e seus efeitos são um problema de toda a sociedade; e ter especialistas abordando essa situação de forma didática é muito bem vindo para o nosso aprendizado e para desmistificar algumas situações”, disse o professor Wagner.

Segurança e consciência

Durante a palestra, os alunos tiveram uma participação grande com perguntas, dúvidas e relatos das próprias experiências de racismo. Chandra Ferreira, aluna do curso de Direito da Unifor, ressaltou que a palestra foi de grande relevância para o cenário atual, tanto regional como nacional, planificando sobre um tema que precisa muito ser debatido, não só nas instituições de ensino, mas em outras instituições, já há bastante tempo.

“Gostaria muito que essa parceria divulgasse ainda mais o tema para que as pessoas tivessem uma maior consciência social sobre a relevância do letramento, que é algo que precisa mesmo ser disseminado e espalhado, e para que a gente consiga promover uma educação racial que possa reduzir os impactos negativos que a agressão racista trás para a sociedade brasileira em geral”, disse Chandra.

Para a pesquisadora Paula Vieira, a participação da Supesp com atividade de letramento racial para o curso de comunicação social é interessante para apresentar como a segurança pública do Estado do Ceará tem trabalhado os dados e as ações estratégicas que envolvem as questões raciais. “Cada palestra tem nos surpreendido um pouco de forma muito positiva, pois são realidades muito diferentes, mas dramas, dúvidas, muito iguais, pois trata de um problema muito presente na vida das pessoas negras, a discriminação, a violência contra esses grupos”, diz Paula.

Escolas e instituições

Diante do pedido de algumas instituições escolares e/ou universitárias, a Supesp tem se organizado para atender aos convites que têm surgido para a realização do Letramento Racial. Nesta quarta-feira (03/12), será a quarta palestra com o tema e a segunda para alunos da rede de ensino público do estado, agora a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio, no bairro Dias Macedo.

Fabrine Bastos explicou como atua o Codes dentro das realidades de grupos vulneráveis

“Penso que é uma demanda represada mesmo; é um tema que afeta muitas pessoas, afinal de contas somos um país de maioria negra realmente e que sente na pele o problema da violência, do preconceito todos os dias, na educação, na escola, no trabalho; essas pessoas são vítimas de uma história que foi construída por quase 400 anos”, menciona o diretor da Dipas, Eudázio Sampaio, se referindo aos 388 anos em que o Brasil mantinha a escravidão como política de estado.