Supesp apresenta estratégias de segurança pública do Ceará para consultores do BID

24 de março de 2022 - 19:09 # # # # #

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS-CE) recebeu consultores do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com objetivo de otimizar a utilização do recurso de financiamento – US$ 52,1 milhões, mais de R$ 290 milhões – proveniente do banco. Desse total, R$ 72 milhões serão destinados para ações coordenadas voltadas diretamente à segurança pública do estado, sendo R$ 31 milhões para ações de policiamento de proximidade implementados pelas Unidades Integradas de Segurança (Unisegs) e pelo (Proteger) e R$ 41 milhões para outras ações envolvendo a SSPDS-CE, a Perícia Forense do Ceará (Pefoce) e Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança (Supesp). A programação com os representantes do BID aconteceu nas últimas quinta (24/03) e sexta-feira (25/03).

A comitiva era composta pelos consultores do BID: Spencer Chainey, inglês, especialista em segurança pública e diretor de Ciência da Informação Geográfica do Instituto de Criminologia, Jill Dando, de Londres, na Inglaterra, Joana Monteiro, coordenadora do Centro de Ciência Aplicada à Segurança da Fundação Getúlio Vargas (FGV/CCAS), doutora e mestre pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-RJ) e professora bolsista da Universidade de Columbia/EUA e Alberto Kopittke, advogado, mestre em Ciências Criminais pela PUC-RS e doutorando em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A visita, na quinta-feira (24), contou com a presença do secretário da SSPDS, Sandro Caron, do secretário executivo Samuel Elânio e do superintendente da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), Dr. Helano Matos, que realizou a apresentação sobre as tecnologias e sistemas desenvolvidos ou supervisionados pelo órgão, responsável por subsidiar a Secretaria e os agentes de segurança nas operações e estratégias no combate à criminalidade.

“Eu percebo que a grande contribuição do BID é apoiar o que o Governo do Ceará já faz, podendo levar para outro nível, a fim de reduzir a violência e outros crimes, bem como enfrentar grupos criminosos e melhorar a segurança pública de forma mais ampla”, afirmou Spencer Chainey. O pesquisador pontuou direcionamentos para a melhor utilização do aporte financeiro do BID, que foi aprovado ano passado, após conhecer ferramentas tecnológicas utilizadas para definição de manchas criminais e a forma de armazenamento de dados feita pela Supesp.

O secretário da SSPDS, Sandro Caron, destacou que o encontro é primordial para o combate à criminalidade. “Não tem como pensar a segurança pública só com a tecnologia. Claro que o aparato de equipamentos é importante, mas não apenas isso, pois precisamos da ciência e do conhecimento para melhor utilizar essas ferramentas. Importante também termos a visão de técnicos de fora, que podem enxergar desafios e oportunidades a partir de prismas, que nós que estamos inseridos no dia a dia dos desafios podemos não ver”, afirmou o secretário.

No segundo dia de encontro, foram visitadas algumas bases do Proteger, com o objetivo dos consultores entenderem a dinâmica dos sistemas de manchas criminais desenvolvidas pela Supesp e que são utilizadas nas estratégias e nas operações coordenadas pelas forças de segurança. Segundo Spencer Chainey e Joana Monteiro, a intenção de conhecer as bases era identificar de que forma os conceitos de policiamento de aproximação, o controle de operações e a avaliação de resultados podem ser aperfeiçoados e melhor mensurados.

Políticas transversais no combate à criminalidade

O superintendente da Supesp, Dr. Helano Matos, explica que a visita teve dois eixos centrais: a escolha da Supesp pelo edital “Policiamento em Pontos Quentes” do BID e o investimento no Previo, programa vinculado à Vice-governadoria, que atua na prevenção à criminalidade. Após reuniões de apresentação dos produtos e serviços que a Supesp realiza para a SSPDS, foram realizadas visita a três bases do programa Proteger, no Centro, no bairro Vicente Pinzón e na Beira-mar, em Fortaleza.

Segundo o superintendente da Supesp, Dr. Helano Matos, o Estado do Ceará foi escolhido pelo BID para aprimorar estratégias de segurança pública, levando em consideração as manchas criminais – conceito já utilizado na Supesp para identificar os territórios com maiores índices de criminalidade. “Importante dizer que entre os eixos trabalhados pelo BID, destaca-se o policiamento baseado em problemas. Assim podemos identificar outras demandas que não passam só pela segurança pública, mas que influenciam no combate à criminalidade como, por exemplo, acesso à educação, saneamento básico, estrutura da saúde. Tudo isso influencia na redução dos indicadores”, explicou o superintendente.

Levando em consideração a estratégia de resolução de problemas, a Supesp vem trabalhando nesse conceito desde 2017, quando instalou a primeira base do Programa Estadual de Proteção Territorial e Gestão de Risco (Proteger). Segundo Spencer Chainey, a polícia de aproximação praticada pela SSPDS e pela Polícia Militar do Ceará (PMCE) ajuda na coleta de informações importantes com qualidade para os gestores da segurança.

“Um dos desafios na maioria das vezes é ter a visão de que a grande responsabilidade dos crimes não é apenas da Polícia Militar. Uma coisa que fica bastante clara no Brasil e América Latina é que para você ter uma melhora sustentável na segurança, deve-se passar, além de melhorarias nas instituições, pela redução da pobreza e da desigualdade social”, finalizou o consultor do BID.

Segurança Pública do Ceará como referência nacional

A comitiva do BID destacou a forma moderna e rara no Brasil que a SSPDS executa as ações voltadas para a segurança pública. Segundo o Alberto Kopittke, especialista em segurança pública e representante do BID, o Ceará possui uma visão moderna de combate à criminalidade, pois é o primeiro lugar do Brasil que cruza a barreira entre os pesquisadores em universidades e os agentes de segurança das ruas.

“O Ceará vem tendo uma gestão moderna na segurança pública que não foi construída da noite para o dia e não pode recuar. Temos que ver as estratégias que podemos incorporar como ajustes em equipamentos e metodologias usadas no dia a dia. Nossa visão aqui é muito específica: alinhar o financiamento que já está em execução aos objetivos dessa gestão, para que possamos trazer contribuições, tendo em vista essa abertura com a segurança no Ceará”, afirmou Kopittke.

O encontro contou ainda com a presença do delegado geral da Polícia Civil do Ceará, Sérgio Pereira, do coronel comandante-geral da Polícia Militar do Ceará, Márcio Oliveira, da coordenadora do programa Cientista-chefe da SSPDS, Emanuele Santos, do pesquisador e idealizador da primeira versão do Sistema Tecnológico para Acompanhamento de Unidades de Segurança (Status), Florêncio de Queiroz, do diretor de Estratégia em Segurança Pública da Supesp (Diesp/Supesp), Anderson Duarte, da diretora de Pesquisa e Análise de Segurança Pública (Dipas/Supesp), Manuela Cândido, e do gerente da Gerência de Estatística e Geoprocessamento (Geesp/Supesp), Franklin Torres.

“Nunca vi nada parecido no Brasil. O Ceará tem uma forma de gerir muito boa na segurança pública e criou a revolução da educação no país. Aqui tem hoje as condições perfeitas pra experimentar as estratégias. A gente está falando de um projeto de dez anos, mas não conheço no Brasil alguém com essa visão voltada para segurança”, afirmou Joana Monteiro.

Financiamento do BID na Segurança Pública cearense

O Governo do Ceará, por intermédio do BID, conseguiu aprovação de crédito, em março de 2021, para o financiamento do Programa Integrado de Prevenção e Redução da Violência (PReVio). Coordenado pela Vice-Governadoria do Ceará e parte do Pacto por um Ceará Pacífico, a ação terá à disposição US$ 52,1 milhões (mais de R$ 290 milhões) para trabalhar na redução de crimes violentos e na prevenção da violência entre jovens e grupos vulneráveis. Desse montante, R$ 72 milhões serão destinados para iniciativas diretamente ligadas à SSPDS-CE.

O investimento concentrará, também, esforços em fortalecer a capacidade da SSPDS em prevenir e investigar crimes violentos no Estado com foco especial nas áreas mais vulneráveis à criminalidade em Fortaleza. Para isso, promoverá ações que fortaleçam a capacidade de análise criminal da SSPDS com dados e inteligência artificial, as estratégias de policiamento comunitário orientado para a solução de problemas e a capacidade de inteligência e investigação policial.

Sobre o BID

O Banco Interamericano de Desenvolvimento tem como missão melhorar vidas. Criado em 1959, o BID é uma das principais fontes de financiamento de longo prazo para o desenvolvimento econômico, social e institucional da América Latina e o Caribe. O BID também realiza projetos de pesquisas de vanguarda e oferece assessoria sobre políticas, assistência técnica e capacitação a clientes públicos e privados em toda a região.