Supesp e SEIR apresentam ferramenta de mapeamento dos terreiros no II Encontro dos Povos de Terreiro do Ceará

24 de novembro de 2025 - 10:46 # # #

Dando continuidade ao projeto de construção da nova Plataforma de Mapeamento dos Terreiros de Matriz Africana e Afro-Brasileira, a Superintendência de Pesquisa e Estratégia e Segurança Pública (Supesp) reuniu-se com a Secretaria da Igualdade Racial (Seir) para o II Encontro dos Povos de Terreiro do Ceará, no Porto Iracema das Artes. O momento teve como objetivo a discussão das ferramentas que incluirão entre outras informações, os dados, as atividades, os vínculos comunitários e, sobretudo, as situações de violência, intolerância e discriminação que ainda afetam essas comunidades.

Estavam presentes no II Encontro, que aconteceu no último dia 14 de novembro, a secretária de Igualdade Racial, Zelma Madeira, Eudázio Sampaio, diretor da Diretoria de Pesquisa (Dipas) da Supesp, também babalorixás, yalorixás e Pais e Mães de Santo de diversas regiões do Ceará como Fortaleza, Maracanaú, Camocim e Chaval.

Lideranças dos povos de terreiro participaram do encontro no Porto Iracema das Artes

Para Zelma Madeira, o mapeamento servirá como um apoio para as pessoas de terreiro. “A iniciativa firmará a valorização e o compromisso com a criação de políticas públicas para esses grupos. Nosso Ceará precisa reconhecer a presença das comunidades de terreiro com respeito e busca pela igualdade, entendendo que são locais sagrados e que contribuem para toda a sociedade”, finaliza a secretária.

De acordo com Eudázio Sampaio, o projeto de mapear os terreiros confirma o compromisso da Supesp como órgão público no auxílio da redução de discriminação. O diretor ressalta que o primeiro passo para o mapeamento é o apoio que está recebendo dos grupos. “O acordo que temos como órgão público com a sociedade se faz cada vez mais presente por meio de iniciativas assim, que buscam a inclusão e a valorização coletiva”, disse.

Ferramenta construída com diálogo e participação ativa das comunidades

O mapeamento será desenvolvido pela Supesp com a proposta de ser apresentado como uma ferramenta pública e aberto ao aperfeiçoamento e à participação direta das lideranças tradicionais. O líder religioso Pai Ricardo de Xangô destaca a importância de ações assim como algo “inovador e bastante válido”. O sacerdote, que lidera um terreiro na Barra do Ceará, conta que a participação dos terreiros em acordos desse tipo, demonstrarão a inclusão na sociedade contribuindo para o bem dela.

Diretor da Dipas, Eudázio Sampaio, explica como será o trabalho de mapeamento dos terreiros pela Supesp

A iniciativa organizará as informações em quatro eixos, sendo eles o contexto territorial, a atuação comunitária, os episódios de intolerância religiosa e as estratégias de fortalecimento. Dessa forma, os locais serão consentidos a relatarem as práticas sociais positivas, por exemplo educacionais e ambientais e também experiências de violências como discriminações ou dificuldades perante instituições públicas.

Sigilo e transparência

Na reunião, os associados contribuíram com sugestões, críticas e percepções fundamentais para garantir que o instrumento seja adequado às especificidades culturais, territoriais e espirituais de cada casa. O diálogo teve como foco a viabilidade da aplicação, os ajustes necessários no questionário e a garantia absoluta da não identificação de pessoas ou espaços sagrados, conforme a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Todos os dados serão coletados de maneira sigilosa e usados exclusivamente em análises agregadas e protegidos por protocolos éticos e legais.

A Supesp desempenha um papel estratégico ao produzir diagnósticos e evidências qualificadas que apoiam ações de prevenção, proteção e enfrentamento ao racismo religioso. Com a plataforma de mapeamento, o órgão amplia a capacidade de analisar padrões territoriais, identificar áreas de maior vulnerabilidade e compreender como violências e ataques impactam a rotina, a segurança e a organização comunitária das associações.

O Estado reafirma, assim, o compromisso com um modelo de política pública participativo, protetivo e antirracista, em que os povos de terreiro não apenas participem, mas conduzam as diretrizes de uma agenda de direitos, segurança e reconhecimento no geral.