Supesp e Cientista-chefe: ciência a serviço da segurança pública no Ceará

25 de outubro de 2023 - 14:26 # # # # # #

Iniciando a série de reportagens comemorativa aos cinco anos da Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), a equipe da Assessoria de Comunicação (Ascom) do órgão conversou com estudantes bolsistas do programa Cientista-chefe, uma política pública consolidada hoje no Ceará, que tem o objetivo de identificar as principais necessidades no âmbito de cada órgão e, assim, desenvolver projetos e propor soluções baseadas em ciência, estratégia, tecnologia e inovação.

Foram entrevistados os ex-bolsistas Francisco Anderson de Almada Gomes, 32, e Antônio Cléssio Soares (foto abaixo), 23, sobre a importância desse incentivo dado pelo Governo do Ceará a estudantes universitários. Será publicada no site a série especial Supesp em Contexto: inteligência criminal a serviço da segurança pública, com matérias, reportagens e entrevistas especiais, onde o público em geral, agentes e colaboradores poderão conhecer um pouco mais deste órgão, responsável pelos indicadores, dados, pesquisas, avaliações e estratégias para a segurança pública. Confira nossa primeira reportagem.

O Cientista-chefe na Segurança Pública
Desenvolvido a partir de 2018 para a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS/CE), o programa manteve, até o primeiro semestre de 2023, 64 bolsistas que, sob a coordenação da professora e ex-cientista-chefe Emanuele dos Santos, foram responsáveis pelo desenvolvimento de sistemas e tecnologias que são utilizadas pelos agentes de segurança nas ruas e pelos pesquisadores da Supesp.

Sob a coordenação da superintendência, foram entregues no período, entre 2019 e 2022, produtos como o Sistema Tecnológico para Acompanhamento de Unidades de Segurança (Status), que define para os gestores da segurança o trabalho que é desenvolvido nas ruas por agentes, através do monitoramento de viaturas e de índices de ocorrências por localidade. Já o Cerebrum, outro projeto/sistema desenvolvido pelo programa, concentra várias informações de diferentes bancos de dados, facilitando a rotina de policiais em investigações, blitzes e operações. “Essa qualificação do conhecimento, da pesquisa aplicada à segurança pública, é um diferencial importante para nossa atividade de ordenamento dos dados e das estatísticas, e oferece produtos adequados às necessidades da secretaria”, destacou o superintendente da Supesp, Nabupolasar Feitosa.

Criado a partir de convênio entre a SSPDS e a Fundação Cearense de Apoio e Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap/CE), posteriormente instituído pela Lei nº 17.378/2021, o Cientista-chefe tem o objetivo de aliar a pesquisa científica às demandas da gestão pública. Egresso da rede pública de ensino, o estudante de Sistemas e Mídias Digitais da Universidade Federal do Ceará (UFC), Antônio Cléssio Soares de Oliveira, 23, é um dos ex-bolsistas que integraram o programa.

Aluno do último período e concludente da bolsa de pesquisa no valor de R$800,00, Cléssio é o reflexo de um investimento na ciência aplicada à segurança pública feito pelo Governo do Ceará. Essa fórmula também é utilizada com sucesso em países como a Colômbia, unindo conhecimento, pesquisa, dados, inteligência investigativa e treinamento das forças policiais com todo o aparato tecnológico para a prevenção e o combate à criminalidade. Bolsista desde agosto de 2021, o estudante falou em entrevista ao site da Supesp sobre a sua experiência nas aulas e o contato com a temática da segurança pública.

“Nunca tinha atuado nessa área e quando vi a oportunidade compartilhada por uma amiga, me interessei de imediato por esse método de sprint, de encontros monitorados para avaliar os resultados, entregas, etc. Antes, não sabia muita coisa nesse setor de dados, dashboard, que são utilizados na segurança pública. Não sabia que existia sistema de catalogação das ocorrências. Eu não tinha essa bagagem. Foi uma surpresa”, explicou Cléssio. Para o bolsista, a experiência de atuar em sistema de designer gráfico focado na realidade do usuário, desenvolvimento de mapas, planilhas e gráficos foi muito interessante.

Para o futuro, Cléssio Soares ainda não planejou alguma especialização ou intercâmbio, mas pretende atuar em tecnologia de sistema, experiência do usuário e designer de interface, continuar aperfeiçoando a organização de dados. “Gostei muito da bolsa, da integração com os orientadores, professores, já apliquei parte desse saber na empresa júnior aqui da universidade e é muito importante ampliar esse conhecimento, sabendo agora que meu trabalho pode ajudar na resolução e prevenção de crimes”, disse o estudante.

Segundo o superintendente da Supesp, Nabupolasar Feitosa, além da bolsa de pesquisa, o aluno sai da universidade com uma visão mais ampliada do que cerca a estratégia da segurança pública. “Essa é uma experiência bem-sucedida na área da segurança pública e denota um esforço contínuo do Governo com uma área tão sensível e estratégica. Esses estudos já contribuem decisivamente para o segmento da segurança pública e em futuras pesquisas, estudos, sistemas para a melhoria dos serviços nessa área”, disse o superintendente.

Confira entrevista com o ex-bolsista do programa, Francisco de Almada Gomes, 32.

Há quanto tempo você é bolsista do programa Cientista-chefe?
Francisco – Sou bolsista vinculado ao programa desde novembro de 2021 e sou estudante de doutorado do programa de mestrado e doutorado em Ciência da Computação (MDCC) da Universidade Federal do Ceará (UFC), e professor nos cursos de tecnologia (Ciência da Computação / Sistemas de Informação) no Campus Crateús (UFC).

Como ficou sabendo da bolsa e porque se interessou pela área da Segurança Pública?
Francisco – Fiquei sabendo da bolsa por meio de um convite realizado pelo meu coorientador de doutorado, o professor Paulo Antônio Rego, com o qual pude aplicar conhecimentos do tema de estudo o qual desenvolvo no doutorado, que é sobre microservices, além de contribuir com o desenvolvimento do projeto em demandas requisitadas pelos coordenadores. O interesse pela área de segurança pública surgiu da vontade de contribuir com uma área tão crítica da sociedade.

Como é seu trabalho como bolsista?
Francisco – Eu atuo tanto na parte de pesquisa do projeto, aplicando conhecimentos de microservices, geralmente focado na avaliação e possibilidade de mitigar falhas em aplicações, além de implementação de features ou correção de bugs na aplicação.

O que tem achado da bolsa? O que mais aprendeu?
Francisco – A bolsa é uma oportunidade incrível para o desenvolvimento do aluno/pesquisador em uma área importante para a sociedade que é a da Segurança Pública. No projeto, trabalhamos com tecnologias modernas, o que contribui como um todo no desenvolvimento profissional de quem está participando. Posso listar algumas: desenvolvimento do back-end focado em java, com spring, versionamento dos códigos, utilizando git/gitlab, gerenciamento do projeto com o gitscrum, uso de docker / kubernertes, que são tecnologias atuais no ambiente de nuvem, entre outros. Apesar de atuar como professor no campus Crateús, a vivência em um projeto faz toda a diferença, porque vejo muita teoria, material na internet/livros, mas atuar no desenvolvimento diretamente é outra experiência, desde organização de projetos, a interação com a equipe, são um diferencial para qualquer pessoa que queira trabalhar com desenvolvimento, sem falar na possibilidade de conhecer mais ferramentas e tecnologias.

Qual a sua avaliação sobre o programa?
Francisco – Minha avaliação é que o programa é excelente para promover a integração e a interação entre academia, indústria, poder público e sociedade. Contribuir com a sociedade utilizando da tecnologia e pesquisas é fundamental e cada dia mais será necessário.