Em entrevista, superintendente fala sobre avanços e desafios da Supesp

26 de maio de 2022 - 09:05 # # # # #

Nomeado em setembro de 2020, Dr José Helano Matos Nogueira (foto abaixo) é o terceiro gestor a assumir a Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) desde 2018, quando a vinculada da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS-CE) foi criada pela Lei 16.562.Com titulações de Pós-doutorado pelo King’s College de Londres e doutorado pela Universidade de Liverpool na Inglaterra, o superintendente destaca-se por ter sido o primeiro brasileiro a ser diretor mundial da Polícia Forense da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), gerenciando 190 países na sede em Lyon na França. Também foi perito criminal da Polícia Federal, na área de combate a crimes cibernéticos e crimes por computador, por mais de 20 anos e chefe do setor técnico-científico da Polícia Federal; e atualmente é professor do Centro Universitário Farias Brito (FBuni), do Instituto de Pós-Graduação (IPOG) e da Escola Superior de Magistratura do Ceará (ESMEC), além de autor de vários livros. https://www.supesp.ce.gov.br/institucional/quem-e-quem/

Ascom/Supesp – O senhor considera que em termos de inovação tecnológica aplicada à segurança pública, o Brasil está entre as tecnologias de ponta mundiais? O que falta para melhorar?

Helano – Com certeza nossa tecnologia está entre os países que possuem tecnologia de ponta em relação aos dados estatísticos criminais. O que pode ser feito pra melhorar é usar essas tecnologias e inovações para atuar e ajudar, também, na prevenção da criminalidade.

Ascom – O Ceará vem alcançando reduções em vários indicadores criminais, de roubo de cargas ao CVLI (Crime Violento Letal Intencional). Como o senhor analisa o trabalho da Supesp nesses resultados?

Helano – A Supesp é um órgão muito importante, porque ajuda na formulação de política de segurança pública e estratégia. Muito do que se faz pensando no presente é feito com estratégia e análises, evidências; e estamos cientes de que tudo isso vem dos sistemas informatizados, das manchas criminais, das tecnologias, que ajudam o tomador de decisão no momento de definir a melhor operação, estratégia, plano para redução dos índices de criminalidade.

O superintendente recebendo a Medalha Mérito do Policial Militar com o secretário da Segurança Pública ao Centro

Ascom – Como foi a organização da atual estrutura da Supesp?

Helano – A estrutura atual da Supesp baseia-se na Lei 16.652, criada em 2018, e a partir daí fizemos uma reformulação de pessoal, capacitação, ampliamos as salas e equipamentos para prestar um melhor serviço, aproveitamos os sistemas, como o SPortal, que ainda não era aproveitado em toda sua potencialidade pela Coordenadoria Integrada de Operações de Segurança (Ciops) e aperfeiçoamos para um uso mais amplo das forças de segurança, como o monitoramento das ocorrências criminais.

Em solenidade recebendo a Medalha da governadora Izolda Cela

Ascom – Como sua experiência à frente da Interpol ajudou no trabalho que é desenvolvido hoje na Supesp?

Helano – Foi fundamental, porque essa experiência na Interpol trouxe para Supesp um pensamento na questão da gestão do conhecimento, da busca por resultado, na gestão baseada em competência, gerencial, de gestão de recursos, tecnologias e pessoas. Quando estive na Interpol, gerenciei 190 países, com muitas tecnologias e inovações, isso trouxe uma grande vantagem pra assumir o comando da Supesp.

Ascom – A publicação das Cartilhas de Segurança nas Redes Sociais no site da Supesp repercutiu positivamente na mídia por conta dos golpes aplicados em ambientes virtuais e dos cuidados que podem prevenir esses crimes. Como o senhor avalia essa questão da Lei de Proteção de Dados?

Helano – As sete cartilhas são muito importantes no sentido de que hoje muitos crimes são cometidos no espaço cibernético e o cidadão precisa ter formas de se proteger. As cartilhas vieram nesse sentido, para ampliar e melhorar o conhecimento das pessoas sobre esse tipo de crime, principalmente, as mais leigas para se protegerem de forma eficiente desses ataques pela internet.

Ascom – O trabalho desenvolvido pela Supesp é mais conhecido pelas forças de segurança. Como esse conhecimento pode auxiliar no aperfeiçoamento da atividade operacional?

Helano – Quando chegamos aqui, a Supesp era um órgão que tinha pouca capilaridade junto as unidades vinculadas de segurança pública. A iniciativa primeira foi apresentar o que a Supesp poderia fazer para cada um das vinculadas; então fomos pessoalmente mostrando todos os produtos e serviços que o órgão poderia oferecer para a área de negócio, a operacional e a parte estratégica. Visitamos a Polícia Militar, a Polícia Civil, o Corpo de Bombeiros, a Pefoce, Aesp, além de equipes especializadas como o CPRaio e o CPChoque da PMCE, Copol, Coin e a Ciopaer da SSPDS. Isso fez com que ficássemos mais conhecidos e mais demandados.

Em visita à base da Coordenadoria Integradas de Operações Aéreas (Ciopaer) com colaboradores da Supesp

Ascom – Quais sistemas ainda serão aprimorados ou lançados pela Supesp?

Helano – Nós trabalhamos com sistemas automatizados, como big data, geoprocessamento, inteligência artificial, ciência de dados, álgebra de campo e o que temos em fase de aprimoramento é a versão 2.0 do sistema Status, do Sigo e do Cérebrum, além do aperfeiçoamento do Portal de Comando Avançado (PCA), sistemas Rotas, Agilis, o Programa Cientista-chefe em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC), via Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap), tudo pensando em atualizações para ajudar no êxito das operações integradas das polícias.

Ascom – Na sua avaliação, qual legado mais importante que sua gestão vai deixar para a Supesp?

Helano – São vários legados. Primeira coisa foi a reestruturação da Supesp, que anteriormente funcionava em apenas duas salas e, hoje, tem uma realidade bem maior, com vários setores, pesquisadores, praticamente, todos com doutorado e mestrado nas áreas de conhecimento que a Secretaria da Segurança precisa para solucionar os problemas. Temos as novas tecnologias, novos conhecimento para as vinculadas e para o público em geral. Hoje, temos um site com dezenas de produtos e serviços como artigos científicos, cartilhas, dados, estatísticas, mapas, programas como o Proteger, parcerias com o Cientista-chefe. Tudo isso são legados importantes não só para os integrantes da segurança pública, mas para sociedade cearense em geral e eu diria até para a sociedade brasileira.

A campanha Fazer Bem é Dado Positivo já arrecadou mais de 42 cestas básicas para comunidades carentes

Ascom – Além do Programa Cientista-Chefe, como a Supesp pode aproximar a pesquisa acadêmica do trabalho que é realizado na Superintendência?

Helano – A Ideia do Cientista-chefe foi algo inovador e brilhante do então governador Camilo Santana. A universidade faz a ciência aplicada dentro dos problemas das secretarias que precisam ser solucionados e o Cientista-chefe vem com o know-how de professores e estudantes para buscar caminhos, soluções e tecnologias para situações específicas. Além disso, temos feitos parcerias com outras instituições de pesquisas e realizado visitas para aprender como órgão de pesquisa e prospecção de conhecimento para estarmos sempre nos atualizando.

Visita técnica do comando da Polícia Militar do Estado de São Paulo

Ascom – O senhor repete sempre que a Supesp trabalha com a transparência ativa. Como funciona isso?

Helano – A Supesp trabalha com a segurança pública baseada em evidências e as evidências são os dados, que, segundo a Lei de Acesso à Informação, a população em geral pode ter conhecimento de boa parte desses dados. Estão disponíveis no site da Supesp, informações que podem ser acessadas, seja com a finalidade de atender a demandas pessoais, até organizacionais, acadêmicas ou de trabalho.