Dipas/Supesp: pesquisa e avaliação para melhoria da segurança pública cearense

25 de fevereiro de 2022 - 15:33 # # #

No próximo dia 22 de maio, a vinculada caçula da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS-CE) completa seu quarto aniversário. Responsável pela geração de dados estatísticos e desenvolvimento de sistemas, tecnologias e inovações que contribuem para a formulação de políticas públicas na área da segurança pública no estado do Ceará, a Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp) vem desenvolvendo um trabalho de reconhecimento internacional e nacional, de grande relevância para a área da segurança pública a partir do gerenciamento e da formatação de dados, que auxiliam em estratégias e desenvolvimento políticas públicas neste segmento.

Nessa série de reportagens, que inicia neste mês de fevereiro e segue até maio com o aniversário de quatro anos da Supesp, o leitor conhecerá toda a estrutura que vem consolidando as reduções de indicadores de criminalidade no Estado do Ceará. Sistemas e produtos que integram a estrutura da superintendência como o Cientista-Chefe, o Status, o Proteger, o Rotas, além dos setores que impulsionam e incrementam a análise, os estudos, as estatísticas que dão suporte à formatação de políticas públicas implementadas pela Secretaria da Segurança Pública.

A diretora da Dipas, Manuela Cândido, é perita criminal da Pefoce com graduação e mestrado em Química pela Universidade Federal do Ceará (UFC)

Nessa primeira matéria, conheceremos a Diretoria de Pesquisa e Avaliação de Políticas de Segurança Pública (Dipas/Supesp), criada com a finalidade de realizar o monitoramento e avaliação de indicadores criminais e políticas voltadas à diminuição do crime, além de desenvolver projetos para seguimentos específicos da segurança pública.

Marysol de Medeiros, geógrafa com doutorado na área, integra a equipe da Dipas e atua na supervisão de publicações, notas técnicas e pesquisas

Segundo a diretora da Dipas, Manuela Cândido, o setor se propõe a realizar pesquisas e acompanhar políticas públicas relevantes para Segurança Pública com a finalidade de melhorar os indicadores criminais do Estado. “Somos parte de um conjunto de ações estruturadas pela SSPDS e Governo do Ceará e, nesse sentido, o conhecimento que produzimos tem sido direcionado pela alta gestão para ações mais focadas e pontuais, utilizando de maneira mais eficientes seus recursos e efetivo policial”, pontuou.

O objetivo fundamental da diretoria, completa Manuela, está alicerçado no uso do método científico e ferramentas tecnológicas que contribuam para refinar as informações que podem ser usadas durante investigações, operações ou mesmo auxiliar os tomadores de decisão. Isso se dá desde o desenvolvimento de sistemas informatizados que facilitem a consulta a bases de dados e apontem onde os crimes têm se concentrado, como também através do acompanhamento e análise de aspectos socioeconômicos e conjunturais que impactam nos indicadores criminais.

Giovanna Santiago, cientista social, advogada e doutoranda em Ciências Sociais, responsável por assessorar avaliações de programas e indicadores 

Coordenada pela diretora da Dipas, Manuela Cândido (foto abaixo), graduada e mestre em Química, perita criminal da Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), onde atuou inicialmente no Núcleo de Química Forense, depois foi coordenadora da Coordenadoria de Análises Laboratoriais Forenses, a Dipas surgiu na estrutura da Supesp em 2018 e no período se destaca pelo trabalho desenvolvido com o Programa Cientista-Chefe, realizado junto com a Universidade Federal do Ceará (UFC), iniciado também em 2018 com o propósito de apresentar ferramentas tecnológicas, que fortaleçam a atuação operacional das forças de segurança.

À frente da Dipas, Manuela Cândido coordena os estudos, as pesquisas e avaliações de indicadores criminais

Nesta entrevista, conferimos mais sobre as atividades da Dipas

Ascom/Supesp – Como é feito o trabalho da Dipas a partir do acompanhamento do Programa PreVio?

Manuela – No contexto do Programa Integrado de Prevenção e Redução da Violência (PReVio) do Estado do Ceará, a Supesp será beneficiada com investimentos em sua estrutura física e tecnológica. Além disso, estamos inseridos na escolha dos indicadores do programa e participação na construção dos projetos inseridos no programa, como por exemplo, o Sistema de Gestão e Informação das Mulheres (Sigim), plataforma virtual, que realizará a integração das informações sobre violência contra a mulher.

Ascom/Supesp – Como são realizados os acordos de cooperação técnica com outros órgãos ligados a Segurança Pública?

Manuela – A Dipas atuou elaborando e revisando acordos de cooperação técnica entre Secretaria e outros entes, no sentido de assessorar na pactuação dos acordos. Dentre os documentos, destaca-se o Acordo de Cooperação Técnica (ACT) com a Secretaria de Educação do Estado, que visou o compartilhamento de mapas contendo a apresentação das manchas criminais, que auxiliaram na escolha das novas escolas de tempo integral do estado, proporcionando educação de qualidade e tempo integral nas áreas de maior vulnerabilidade.

Ascom/Supesp – A Dipas é formada atualmente por uma equipe multidisciplinar. Como atua cada profissional ?

Manuela – Dispomos de profissionais com mestrado, doutorado e pós-doutorado nas áreas de Economia, Geografia, Sociologia, Designer (Juliana Mendes) e Tecnologia da Informação. A Diretoria desenvolve pesquisas e avalia políticas públicas, onde há necessidade da análise dos fenômenos que contribuem para os números observados nos indicadores de criminalidade e envolvem a produção de mapas, manchas criminais, desenvolvimento de ferramentas tecnológicas que serão utilizados pelas Forças de Segurança Pública em sua atuação.

Bacharel em Engenharia de Telecomunicações, mestre em Engenharia de Teleinformática, Raif Carneiro também é inspetor da Polícia Civil do Estado do Ceará 

Ascom – Recentemente a Dipas teve uma participação importante na elaboração de uma Nota Técnica para melhorar o atendimento ao público LGBTQIA+ pela Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE). Já existe um maior entendimento por parte das forças de segurança desse trabalho?

Manuela – Sobre esse trabalho, destacamos a inclusão de perguntas adicionais ao Sistema de Informações Policiais (SIP3W), que hoje proporcionam estatísticas confiáveis para o acompanhamento dos crimes que são cometidos contra a população LGBTQIA+. Nesse processo, a Dipas contribui também ministrando aulas para difundir os conceitos entre os policiais que atuam no preenchimento dos sistemas, além de ter produzido um material com os conceitos e que está disponível para os profissionais. Reconhecemos a grande relevância do tema e a necessidade de debate constante para atualização de mais profissionais.

Priscila Rodrigues, formada em economia e doutoranda na área, atua em análise e interpretação de dados bem como elaboração de estudos temáticos e pesquisas em geral

Ascom – Fale um pouco dos sistemas acompanhados pela Dipas como o ID Digital, o Cerebrum e o Status e como os mesmos podem evoluir para aperfeiçoar as atividades operacionais das polícias.

Manuela – Somos responsáveis pelo acompanhamento dos projetos desenvolvidos no escopo do Programa Cientista-Chefe. Trata-se de uma iniciativa do Governo do Ceará para que as universidades e a produção academia possam contribuir para a melhoria dos serviços públicos. Atualmente, acompanhamos o desenvolvimento e atualização das ferramentas tecnológicas mencionadas, sempre ouvindo o policial que está na ponta e vai utilizar os sistemas na sua atividade de rotina. O Cerebrum possui uma interface web, que é capaz de fazer buscas a diversas bases de dados que são atualizadas em tempo real e apresentá-las através de variadas visualizações, com mapas urbanos que possibilitam a verificação espacial das ocorrências. A ferramenta vem sendo usada para o assessoramento à alta gestão da Segurança Pública e aos setores de inteligência do estado, sobretudo, na implementação de operações de combate à violência. O Status é uma ferramenta de visualização analítica de estatísticas criminais, em que podem ser feitas diversas análises visuais através de mapas, gráficos e manchas criminais que possibilitam o mapeamento e rastreamento de áreas onde há maior número de crimes. É bastante usada para subsidiar o planejamento de operações e estratégias para reprimir a criminalidade.

Ascom – Quais outros produtos da Dipas você destacaria em 2021?

Manuela – Além das iniciativas citadas, fizemos um estudo sobre a Metodologia de Cálculo e divulgação dos Indicadores Criminais do Brasil com o objetivo de avaliar as metodologias das unidades federativas. Foi grande a satisfação em saber que o Estado do Ceará se destaca por seu sistema informatizado, metodologia confiável e transparência na divulgação dos dados. Ainda fizemos projetos para a Polícia Civil e Pefoce para a compra de embalagens de segurança para a guarda idônea e rastreável de vestígios relacionados a crimes. Esse material continha a descrição completa para compra, estimativa de quantitativo e pesquisa de mercado, facilitando o processo licitatório de compra dos materiais que já estão em fase de entrega.